O Brasil ainda é um País em construção. Mesmo assim, dos atuais 950 mil engenheiros formados e habilitados para o exercício profissional, 589 mil estão fora da função para a qual foram capacitados.
Segundo a pesquisa Radar 12, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), publicada em março, de cada dez engenheiros prontos para assumirem suas funções seis estão fora da profissão: “Apenas 38% dos formados em engenharia estavam no mercado nas suas ocupações de formação.”
As razões vêm desde a mudança das políticas públicas na gestão da nossa economia até a inoperância das principais autarquias responsáveis pela fiscalização do exercício profissional.
Ao longo das décadas, após a Segunda Guerra Mundial, os vários governos mobilizaram os Engenheiros e a Engenharia Nacional para as grandes obras de infra-estrutura, construção de fábricas, escolas, prédios e modernização da agricultura.
Mas essa pujança produtiva perdeu espaço e hegemonia junto ao poder público para os financistas que conduziram o Brasil, infelizmente, para uma economia que transfere renda dos setores produtivos para os banqueiros e especuladores.
Ao mesmo tempo, as autarquias responsáveis pela fiscalização do exercício profissional dos engenheiros, a exemplo do CREA/SP, foram cooptadas pelo sistema financeiro e se tornaram instituições meramente arrecadadoras. A ponto de seus dirigentes se vangloriarem de acumular milhões em caixa. Quando decididamente cada engenheiro, desempregado ou não, ou fora da função sabe que não é este o objetivo de uma autarquia como o CREA/SP.
No CREA/SP, por exemplo, a grande preocupação dos atuais dirigentes é gerenciar e manipular politicamente uma bolada que supera os 150 milhões de reais por ano. Enquanto isso, Engenheiros e Empresas de Engenharia, sustentáculos da Engenharia Nacional, são abandonados à própria sorte.
Por isso, estamos discutindo com os engenheiros, empresas de engenharia e associações de engenheiros a recriação do CREA/SP.
As oportunidades para os Engenheiros surgem com o recente crescimento da nossa economia. Mas para serem aproveitadas temos que fiscalizar com determinação o seu exercício profissional. E exigir de nossas entidades representativas e do CREA/SP se manter vigilantes para preservar os níveis de investimentos produtivos.
Os Engenheiros e Engenheiras, em cada uma das modalidades, na Construção, Indústria e Agricultura são o elo de ligação entre a mão de obra disponível no Brasil, ainda vitima do analfabetismo funcional, e os grandes projetos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e demais obras como as da Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016.
E já temos estes profissionais, que foram, ao longo dos anos, apoiados por suas famílias, enquanto estudantes, e que são patrimônio nacional, frutos de investimentos sociais ao longo de décadas. Pessoal altamente qualificado que não pode ser descartado por falta de fiscalização do exercício profissional. Especialmente, neste momento de retomada do crescimento de nossa economia.