terça-feira, 9 de agosto de 2011

O inverno do nosso desalento


Lya Luft

    Não há como não ver, escutar, comentar: a ponta do iceberg, a ponta do novela da realidade que finalmente começa a se desvendar, a imprensa divulga, os brasileiros comuns, como eu, encaram assustados – pois ela comanda nosso presente e futuro, o bolso, a esperança. Nos bastidores da vida pública, um fervilhante mercado persa de cargos, dinheiros e favores do qual não temos ideia.
      Pois nesse teatro ou circo todos correm a ser proteger, a preservar as últimas ilusões da plateia, e a defender seus feudos não muito limpos. Havia muito eu andava perplexa: agora, começo a sentir aquele profundo desalento do qual falou um político horando, antes de se recolher à vida particular, para pouco depois subitamente morrer. O coração não aguentou, imagino. Deve ser grande, dolorosa, a solidão dos honestos no meio público. Os honrados existem, mas hão de nadar penosamente contra uma correnteza poluída – objeto de preconceito do seus pares, olhados como ameaça: o que eles pensam? Achando-se melhores que nós? E se foram nos dedurar?
      E nós, do lado de fora, que pagamos a conta, que armamos o circo, carregamos a lona e as gambiarras, enfrentamos as feras, levamos nas costas até o elefante: e nós? Quem nos perguntou, quem nos pediu licença para organizar esse melancólico espetáculo, que transcorre em meio-silêncio e meia-luz? Que circo, que teatro é esse, causando desorientação nossa, falta de idealismo nos jovens, e que devia ser escondido das crianças como pornografia?
    Aqui onde vivo faz frio neste inverno. Geada cobre gramados e campos, queima as colheitas, diverte os turistas, nos faz recear a rua onde de manhã frequentemente temos sensação térmica negativa. Neste dias, parece que esse sentimento gélido é reforçado pelo clima dentro de nós, que contemplamos e ouvimos os atores desse espetáculo que nós sustentamos, sem entender direito – por alienados e fúteis -, no circo dos nossos pesadelos, no teatro de nossas desilusões. Quem lhes dá força, quem os protege? Algum será devidamente punido – ou vai fingidamente se recolher para reaparecer em outro cargo igualmente poderoso, igualmente facilitador de ganhos escusos? Enquanto nós, crédulos ou omissos, acreditamos em ganhar a vida e sustentar a família com o suor do nosso rosto, o desgaste do nosso corpo, a perda da nossa vida, o esforço da nossa inteligência.
       Sim, nestes dias eu sinto, mais que o frio do clima, o gelo do desalento. De não acreditar que vá ocorrer uma grande faxina, uma real limpeza, alguma solução ou verdadeira melhora, um grande avanço em direção à honestidade. Pois “transparência” se tornou uma palavra banalizada e vazia, sem valor, quando tudo é obscurecido para favorecer as ações na sombra. Talvez, para ser algo real, essencial e radical, fosse preciso mudar tudo. Quase tudo. A cena, os atores, as falas, até a plateia. As coxias, os bastidores, teriam de ser varridos e abertos ao público. O público teria de prestar atenção, reagir, aplaudir ou renegar. Nunca relevar. Demitir muita gente do quadro de seu respeito e confiança. E tamanha mudança causa medo e insegurança.
     Uma grande transformação seria possível com informação, para começar, que vem de uma educação eficiente, e leva tempo. Assim se fazem mudanças com ordem, calma, Inteligência, vontade. Mas eu, neste frio que me assola, receio que o espetáculo apenas continue: trocados atores e nomes ou máscaras, o tom e algumas falas, recolocadas as luzes, o indevido oculto atrás de papelão pintado, e toca em frente, o teatro, o circo. E nós, omissa ou submissa plateia, continuaremos aplaudindo mesmo sem entender direito, ofuscados pela luz que vem do alto, ainda levando em nossas doloridas costas os paus, as lonas, até o elefante.
      A solução poderia ser um desalento criativo, produtivo, ativo, que agisse para limpar o que está sujo e nos humilha, expor o que é duvidoso e nos envergonha, mudando, sabe Deus como, o que nos rouba a dignidade enquanto explora a indecisão de quem não quer ver, para não ter de crer.

Fonte: Revista Veja, 20 de Julho, 2011.

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Nova data da entrevista de Jomázio Avelar na TV

Amigos,

Em virtude de alterações na programação da emissora, a minha entrevista no programa Negócios, Dívidas e Cidadania, que deveria ter ido ao ar ontem, será apresentada agora em duas novas datas. Confiram:

- Amanhã, dia 05/08, às 23h30
- Sábado, dia 06/08, às 12h

Canais:
Net canal 9
TVA canal 72 e 99
TVA digital 186

Obrigado pela compreensão!

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Jomázio Avelar fala hoje na TV sobre o momento atual da engenharia.

Vai ao ar hoje à noite a entrevista com o engenheiro Jomázio Avelar, idealizador do movimento Recriar o CREA SP.

O engenheiro falou sobre a importância do movimento Recriar o CREA SP, o atual momento da engenharia brasileira, sua experiência acadêmica e profissional, entre outros assuntos de interesse geral.

A entrevista foi concedida ao programa Negócios, Dividas e Cidadania, apresentado por Orlando Marinho, gestor de novos negócios da Associação Nacional das Empresas de Recuperação de Crédito.

Hoje, 03 de agosto, às 21h30
Net canal 9
TVA canal 72
186 digital

Vale a pena conferir!

sexta-feira, 29 de julho de 2011

Encontro de Família

Colegas de profissão,

Tenho me dedicado com afinco ao trabalho de elaboração programática e de divulgação do conteúdo e ações do “Movimento Recriar o CREA-SP”.  Tem sido prazeroso e realizador; inúmeras palestras e debates com nossos colegas de profissão.
Agora, no próximo final de semana, permito-me pequeno desvio de rota para atender um chamado familiar.

Minha família teve sua origem em 1900 na pessoa de meu avô; somos hoje 476 descendentes que se reúnem sagradamente no último final de semana de julho, todos os anos.

Honra-me ter sido o idealizador das reuniões que já avançam três décadas após o falecimento do patriarca. Mas não basta ter a idéia, é preciso implementá-la e mantê-la, dar a ela sentido para cada um e alimento familiar e humano para todos.  Sempre agradeço a Deus por ter concedido a inspiração e pela obra que neste final de semana é celebrada por toda a família: a UNIÃO em torno do que ele, nosso avô, significou e ainda significa até hoje para todos nós.

O fato de ter sido criado nesse ambiente familiar amplo, forjou em mim valores que me levaram ao cooperativismo numa visão sólida de trabalho pelo bem-comum e compreensão de que só há sucesso se todos forem bem sucedidos; de vencer porque todos são vencedores; no eventual insucesso todos sofremos menos; na dor estamos unidos para superá-la; as grandes causas são para todos e as vitórias também de todos.

Sou assim. Vim para realizar. Realizar é meu Ativo. Passivo é sempre pequeno face ao Ativo. Sempre apuro resultados que não são meus; Deus já os havia destinado previamente por Sua sublime e superior sabedoria face à infinita fraqueza e estreiteza de visão dos homens, ignorando que a verdade é a condição fundamental da virtude.

Bom final de semana!

Jomázio, eng